Costa brasileira: lixão de outros países

Enquanto o fotógrafo baiano Fabiano Barreto caminhava pela Costa dos Coqueiros, um trecho quase deserto no litoral norte da Bahia, ele se perguntou: ''de onde vem tanto lixo se não há ninguém por aqui?'' e resolveu investigar. A partir do ano de 2001, ele começou a percorrer os 80 quilômetros que separam a praia do Forte da barra do Itariri. Recolheu no trecho 1832 embalagens, de 69 países diferentes.
A explicação para isso é apenas uma: o lixo vem de embarcações internacionais, como veleiros particulares, cargueiros e cruzeiros de turismo, que passam perto da costa brasileira. "O importante é que corra no meio marítimo a notícia de que o Brasil está identificando a origem do lixo. Assim, ele deve diminuir", diz Barreto.
Para combater acontecimentos desse tipo, Fabiano Barretto criou a ONG Global Garbage, que tem financiamento de uma instituição alemã e apoio de diversos projetos nacionais.
Garrafas de refrigerante, caixas de leite, potes de inseticida e até uma tampa de vaso sanitário e uma porta de geladeira chegaram à costa sofrendo a influência de uma corrente marítima conhecida pelo nome de corrente Sul Equatorial . "A Sul Equatorial vem da costa da África e cruza o Atlântico", afirma Luiz Miranda, oceanógrafo da USP. "Portanto, ela é capaz de trazer lixo de milhares de quilômetros de distância para nossa costa."


Campeões da poluição


1º País: Estados Unidos
Embalagens encontradas: 241 (13,2% do total)
Lixo mais estranho: medicamento supositório, embalagem plástica de gel para o cabelo e potes de chantilly
2º País: Itália
Embalagens encontradas: 151 (8,2% do total)
Lixo mais estranho: pote de talco mentolado
3º País: África do Sul
Embalagens encontradas: 126 (6,9%)
Lixo mais estranho: garrafa plástica de produto para limpar vidros e pote de milk shake de chocolate
4º País: Argentina
Embalagens encontradas: 119 (6,5%)
Lixo mais estranho: pote de espuma de barbear
5º País: Alemanha
Embalagens encontradas: 110 (6%)
Lixo mais estranho: tubos de cola em bastão, pincel atômico e pote de chantilly
6º País: Reino Unido
Embalagens encontradas: 91 (5%)
Lixo mais estranho: lata de produto para limpar forno e pote de vidro de extrato de tomate
7º País: Taiwan
Embalagens encontradas: 86 (4,7%)
Lixo mais estranho: lata de feijão semipronto e pote de silicone


- Tempo de decomposição no mar -

Cigarro - Mais de três meses
Papel - Três meses a vários anos
Madeira - Seis meses
Restos orgânicos - Até 12 meses
Chiclete - Cinco anos
Aço - Dez anos
Plástico - Mais de 100 anos
Alumínio - Mais de mil anos
Vidro - Mais de 10 mil anos


Fonte: Revista Super Interessante, acessado em 22.03.11 às 16h40min.
            Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo

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