Resenha - Filme: Uma Verdade Inconveniente (2006, EUA)



O filme “Uma Verdade Inconveniente” (An Inconvenient Truth), do realizador Davis Guggenheim, traz argumentos convincentes de que o aquecimento global não é mais uma questão política, mas sim o maior desafio global, no que diz respeito ao meio ambiente.
Protagonizado por Al Gore, antigo Vice-presidente dos Estados Unidos, o filme, lançado em 2006, traz um alerta para a humanidade, sobre as nossas responsabilidades com as mudanças climáticas.  Trata-se de um documentário ambientalista e político, em que as imagens mostram as atuais alterações que o Planeta está passando.
Depois de ter perdido a eleição presidencial do ano 2000, Al Gore retirou-se para sua fazenda no Estado do Tennessee para repensar a vida. Foi ali, olhando o rio que corre ao longo de sua fazenda, que decidiu assumir definitivamente a sua condição de ambientalista. Iniciou sua longa viagem para o conhecimento, principalmente, em auditórios universitários, como anos antes já o tinha feito no Congresso dos EUA, quando era senador na década de 70, convencendo seus pares sobre o perigo do aumento do buraco da Camada de Ozônio, que culminou, felizmente, na assinatura do Protocolo de Montreal.

Utilizando da melhor tecnologia da Apple, com a combinação de humor, desenhos animados e tabelas com dados científicos, Gore fala da sua vida para Guggenheim e para o público, simultaneamente, revelando as etapas de sua vida pessoal.
No que diz respeito às dúvidas sobre a realidade do aquecimento global, Gore confirma, através de vários estudos científicos, que é real e trata-se de uma ameaça para a vida no planeta. Em relação se as políticas ambientais afetam ou não a economia dos países, ele mostra que políticas públicas baseadas em um planejamento ambiental estimulam a economias dos países. E diz também que o aquecimento global não é um ciclo natural do Planeta, mas sim resultado das atividades humanas na indústria.
Gore, sempre chama a atenção dos políticos e Estados para insistir que "a solução para a crise climática global exige uma ação rápida, sábia e grande de nossa parte", e que "se destruirmos o Planeta não haverá economia que sobreviva". Comenta bastante sobre o alto consumo nos países mais industrializados, sempre interessados em apenas produzir, sem estar se preocupando com os danos que tanta produção pode causar ao meio ambiente.
Pode-se considerar o filme como um grande alerta para a população mundial de que o planeta está sofrendo diversas consequências causadas pelos próprios moradores, que contribuem de forma direta ou indireta. Por mais que comente sobre o desinteresse por grande parte dos políticos sobre esta questão, o filme deixa um questionamento de “Como mudar esta realidade?”, mostrando que se faz necessário uma motivação e iniciativas de grandes nações, em sua maioria, maiores causadoras do aquecimento global.
A verdade é que a realidade do aquecimento existe e isso está na frente de todos. Muitos países vêm sofrendo constantes tempestades, ondas de calor, frio, terremotos, ondas gigantes, escassez de água, de alimento. E mesmo com tantas evidências, grande parte do mundo ainda prefere fechar os olhos para tudo que está acontecendo, para todo o caos que o nosso planeta enfrenta.
O ideal seria que todos tomassem consciência das causas e consequências do aquecimento global, e esse foi um dos objetivos do filme “Uma Verdade Inconveniente”, através do antigo Vice-presidente dos Estados Unidos, Al gore que, utilizando de sua influência na política, tomou a iniciativa de mostrar ao mundo os danos que suas atividades provocam e, como isso só tente a piorar com o passar dos anos, numa velocidade muito maior do que já vem acontecendo. 

Referências Bibliográficas:

Genebaldo Freire Dias


Genebaldo Freire Dias é graduado em Ciências Biológicas pela Universidade de Brasília - UnB, onde também obteve o mestrado e doutorado em Ecologia. Atualmente, é professor e pesquisador da Universidade Católica de Brasília, onde é diretor do Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Gestão Ambiental (Mestrado e Doutorado). Atua na área de Educação Ambiental e de Gestão Ambiental. Tem vários livros publicados sobre a temática socioambiental, dentre os quais destacamos: Educação e Gestão Ambiental (Gaia, 2010), Dinâmica e Instrumentação para Educação Ambiental (Gaia, 2010), Pegada Ecológica e Sustentabilidade Humana (Gaia, 2008) e Ecopercepção: Um Resumo Didático dos Desafios Socioambientais (Gaia, 2008).

Diferentemente de uma “crise” climática, vivemos um período de “reajustamentos ecossistêmicos”, que tentam retomar a neutralidade após perturbações impostas pelo próprio ser humano ao seu ambiente. Mas isso não significa minimizar um problema que, a cada dia, revela-se com mais força diante dos nossos olhos, principalmente com sua faceta mais conhecida: o sofrimento, que também é uma “opção evolutiva”.
Essa é a análise do cientista biológico Genebaldo Freire Dias, em entrevista por e-mail à IHU On-Line.

Confira a entrevista: 

IHU On-Line – Vivemos realmente uma crise ambiental em nível mundial?
Genebaldo Freire Dias – A palavra “crise” não se aplica aí. O que temos são reajustamentos ecossistêmicos. Reações esperadas para a neutralização de perturbações. Muitas destas, impostas por nós. Os sinais estão na mídia todos os dias. Ninguém precisa ser PhDeus para perceber.

IHU On-Line – Qual a situação do Brasil com relação às mudanças climáticas? Os órgãos públicos nacionais estão fazendo o que lhes cabe para evitar que elas se aprofundem?
Genebaldo Freire Dias – O Brasil está muito bem representado pela Comissão Interministerial. Temos cientistas renomados ali, e as iniciativas brasileiras são inovadoras. Mas ocorre uma defasagem entre o que é necessário fazer e a percepção dos tomadores de decisão nas políticas públicas. Ainda reina uma grande ignorância sobre o assunto. Os temas de segurança climática, segurança alimentar e vulnerabilidade social, por exemplo, todos ligados às mudanças climáticas globais, são ainda desconhecidos pela classe política. Dessa forma, a América do Sul é apresentada como uma das mais vulneráveis! A partir daí, todos os ecossistemas estão sob pressão.

IHU On-Line – Em suas obras, o senhor defende o papel da educação ambiental. Como é possível fomentar uma educação que leve em conta a sensibilização e a promoção de uma cultura socioambiental?
Genebaldo Freire Dias – Não vai ser por meio da coleta seletiva, da economia de água e da energia elétrica que sensibilizaremos as pessoas. Vivemos em um mundo pós-ambiental. Há uma nova insensibilidade. Evolou-se o sonho romântico do retorno à natureza intocada. Agora, estamos em outra etapa. Se não demonstrarmos por meio de práticas as consequências das nossas ações, e se não incluirmos agendas positivas nisso, não vejo saída diferente do sofrimento (que é também uma opção evolucionária!).

IHU On-Line – Algumas leituras de mundo religiosas levaram a um certo antropomorfismo. O que é necessário para desconstruir essa ideia, em termos ecológicos?
Genebaldo Freire Dias – Quando nos disseram que vivemos confinados na superfície de uma pequena esfera flutuando no espaço escuro e gelado do universo? Os mistérios da vida, o fascínio de estar vivo, de partilhar precisam ser despertos. Uma educação que sensibilize, amplie a percepção para isso.

IHU On-Line – O senhor também fala de “socioambientalismo”. Como conciliar as urgências da natureza com as urgências das populações em risco?
Genebaldo Freire Dias – Nos padrões vigentes não há conciliação possível. A equação não fecha: população crescente, consumo crescente, imediatismo, materialismo, ganância, desperdício, exclusão social, corrupção e educação e informação alienadoras formam um conjunto cruel de insustentabilidades. O desafio é que não temos mais tempo. Perdemos o momento da virada. Agora temos que arcar com as consequências. Isso significa dizer mitigação e adaptação. Foi o que fizemos. O que existe de tentativas – como gestão ambiental e seus ramos – foram e são sistematicamente burlados. Há sempre um grupo de parlamentares financiados por corporações para aprovar leis ambientais mais brandas, por exemplo. O desafio, então, é emblematicamente evolucionário.


IHU On-Line – Em outubro deste ano, organizações ambientais internacionais estão organizando a campanha 10:10:10, considerado o dia da maior mobilização local contra as mudanças climáticas em todo o mundo. Em sua opinião, qual a importância de iniciativas como essa?
Genebaldo Freire Dias – É o que está fazendo a diferença. Afinal, as pessoas já perceberam que algo está muito errado e o que se está fazendo não é suficiente para evitar a continuação dos erros Os Estados não detêm mais o poder, a eficácia e até a legitimidade para fazer isso.

IHU On-Line – Dentro da perspectiva do “Tempo para a Criação”, como podemos entender o valor da Criação a partir de uma perspectiva mais ampla, ou, como o senhor sugere, “ecoperceptiva”?
Genebaldo Freire Dias – As corporações reconhecem o valor da Criação com a mesma intensidade com que tratam Papai Noel. O novo criador é o dólar e o euro. A catedral, o consumo. A mídia e a educação completam a rede. Alimentam a neoinsensibilidade, o “dane-se” a tudo e a todos. A sensação de “independência”. Por essa razão, estimulamos em nossas práticas a percepção dessa situação. Até mesmo como tentativas. Não sabemos se vai dar certo.

IHU On-Line – Quais seriam as possíveis alternativas para um estilo de vida menos impactante e mais harmonioso com a natureza? Por onde começar?
Genebaldo Freire Dias – Não é fácil. Poucas pessoas podem ou querem abrir mão de alguma coisa. Você deixaria de comer carne (cadáver) pelo simples fato de contribuir para a redução do desmatamento, das queimadas, da perda de biodiversidade, da emissão de gases que aumentam o efeito estufa e mudam o clima? Deixaria do comer carne por questões éticas causadas pela crueldade no tratamento do gado? É fácil economizar água, energia elétrica, colocar a latinha para reciclar, essas coisas. Isso não mexe com o seu conforto, suas vontades. Mas uma decisão mais profunda mexe. Aí você não está mais disposto e rotula essa ação de ecorradicalismo, ecochatice, coisa de bicho-grilo, natureba, biodesagradável e por aí segue. Ninguém abre mão. Nem o país rico, de emitir CO2; nem o país pobre, de queimar e desmatar; e nem você, de mudar hábitos alimentares. É uma questão de escala apenas. Eis o desafio, o fascínio e o privilégio de estar presente em um momento fantástico de transição civilizatória. Ou não seria assim mesmo o caminho?

FonteRevista do Instituto Humanistas Unisinos (IHU On-Line) - Acessado às 15:08h do dia 27.03.11

Costa brasileira: lixão de outros países

Enquanto o fotógrafo baiano Fabiano Barreto caminhava pela Costa dos Coqueiros, um trecho quase deserto no litoral norte da Bahia, ele se perguntou: ''de onde vem tanto lixo se não há ninguém por aqui?'' e resolveu investigar. A partir do ano de 2001, ele começou a percorrer os 80 quilômetros que separam a praia do Forte da barra do Itariri. Recolheu no trecho 1832 embalagens, de 69 países diferentes.
A explicação para isso é apenas uma: o lixo vem de embarcações internacionais, como veleiros particulares, cargueiros e cruzeiros de turismo, que passam perto da costa brasileira. "O importante é que corra no meio marítimo a notícia de que o Brasil está identificando a origem do lixo. Assim, ele deve diminuir", diz Barreto.
Para combater acontecimentos desse tipo, Fabiano Barretto criou a ONG Global Garbage, que tem financiamento de uma instituição alemã e apoio de diversos projetos nacionais.
Garrafas de refrigerante, caixas de leite, potes de inseticida e até uma tampa de vaso sanitário e uma porta de geladeira chegaram à costa sofrendo a influência de uma corrente marítima conhecida pelo nome de corrente Sul Equatorial . "A Sul Equatorial vem da costa da África e cruza o Atlântico", afirma Luiz Miranda, oceanógrafo da USP. "Portanto, ela é capaz de trazer lixo de milhares de quilômetros de distância para nossa costa."


Campeões da poluição


1º País: Estados Unidos
Embalagens encontradas: 241 (13,2% do total)
Lixo mais estranho: medicamento supositório, embalagem plástica de gel para o cabelo e potes de chantilly
2º País: Itália
Embalagens encontradas: 151 (8,2% do total)
Lixo mais estranho: pote de talco mentolado
3º País: África do Sul
Embalagens encontradas: 126 (6,9%)
Lixo mais estranho: garrafa plástica de produto para limpar vidros e pote de milk shake de chocolate
4º País: Argentina
Embalagens encontradas: 119 (6,5%)
Lixo mais estranho: pote de espuma de barbear
5º País: Alemanha
Embalagens encontradas: 110 (6%)
Lixo mais estranho: tubos de cola em bastão, pincel atômico e pote de chantilly
6º País: Reino Unido
Embalagens encontradas: 91 (5%)
Lixo mais estranho: lata de produto para limpar forno e pote de vidro de extrato de tomate
7º País: Taiwan
Embalagens encontradas: 86 (4,7%)
Lixo mais estranho: lata de feijão semipronto e pote de silicone


- Tempo de decomposição no mar -

Cigarro - Mais de três meses
Papel - Três meses a vários anos
Madeira - Seis meses
Restos orgânicos - Até 12 meses
Chiclete - Cinco anos
Aço - Dez anos
Plástico - Mais de 100 anos
Alumínio - Mais de mil anos
Vidro - Mais de 10 mil anos


Fonte: Revista Super Interessante, acessado em 22.03.11 às 16h40min.
            Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo

A história das coisas

Este vídeo é bastante interessante... e realista.


Sim, devemos ter um cuidado bem maior com o mundo em que vivemos. Cuidado maior ainda devemos ter com as pessoas que vivem nele. Devemos cuidar do pensamento delas, e não apenas cuidar, mas também mudar. As pessoas do mundo de hoje precisam de mudanças, precisam perceber que nós estamos destruindo um bem universal, que é a nossa própria casa.

Educação Ambiental: possibilidades e limitações

Nos últimos trinta anos, os profissionais da área de educação ambiental perceberam que o meio ambiente não é apenas um objeto de estudo. A educação ambiental não é uma forma de educação entre tantas outras, ''trata-se de uma dimensão essencial da educação fundamental que diz respeito a uma esfera de interações que está na base do desenvolvimento pessoal e social'' (SAUVE, 2002 online). 
A educação ambiental é, de fato, nossa relação com o meio ambiente, onde existe várias faces dessa relação:

• O meio ambiente – natureza (para apreciar, para respeitar, para preservar);
  • O meio ambiente – recurso (para gerir, para repartir);
  • O meio ambiente – problema (para prevenir, para resolver);
  • O meio ambiente — sistema (para compreender, para decidir melhor);
  • O meio ambiente — lugar em que se vive (para conhecer, para aprimorar);
  • O meio ambiente — biosfera (onde viver junto e a longo prazo);
  • O meio ambiente — projeto comunitário (em que se empenhar ativamente)" (SAUVE, 2002 online).

A área da educação ambiental cresce de modo construtivo. Entretanto, ela enfrenta problemas que pode comprometer suas metas. O principal desafio contemporâneo é a predominância da ideologia do desenvolvimento (Rist, 1996), expressa pela proposição da "educação para o desenvolvimento sustentável". Aí, a educação é vista como um instrumento a serviço da conservação a longo prazo do meio ambiente, considerado este como um reservatório de recursos a serem explorados em função de um desenvolvimento (crescimento) econômico sustentável, encarado como a condição primeira do "desenvolvimento humano" (Sauvé; Berryman; Brunelle, 2000).
A relação com o meio ambiente não é, a priori, uma questão de compromisso social, e menos ainda de consenso planetário. A educação ambiental acompanha e sustenta de início o surgimento e a concretização de um projeto de melhora da relação de cada um com o mundo, cujo significado ela ajuda a construir, em função das características de cada contexto em que intervém. Numa perspectiva de conjunto, ela contribui para o desenvolvimento de sociedades responsáveis. (SAUVE, 2002 online).


Artigo completo aqui

Fonte: SAUVE, Lucie. Educação ambiental: possibilidades e limitações. Educ. Pesqui. [online]. 2005, vol.31, n.2, pp. 317-322. ISSN 1517-9702.

Agenda 21 nacional e indicadores de desenvolvimento sustentável: contexto brasileiro.

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A construção da Agenda 21 brasileira partiu do desencadeamento de um processo de planejamento participativo com a finalidade de analisar a situação atual do país para identificar potencialidades e fragilidades e, dessa forma, visualizar o desenvolvimento futuro de forma sustentável. Para isso, procurou abordar a realidade brasileira de forma multissetorial, a partir de diagnósticos setoriais elaborados por especialistas, apoiados por ampla participação de representantes de diferentes setores da sociedade de todas as regiões do país, inclusive com participação da área acadêmica (CPDS, 2000).
Dentro do enfoque participativo, inicialmente proposto, acréscimos e supressões foram adotados nas reuniões ocorridas nos estados e nas cinco macrorregiões brasileiras. Discussões finais ocorreram em Brasília culminando com o lançamento, em 2002, da Agenda 21 brasileira: ações prioritárias e da Agenda 21 brasileira: resultado da consulta nacional (CPDS, 2002 a, b), apresentados no encontro mundial RIO+10, realizado em Joanesburgo.
Percebe-se, portanto, a Agenda 21 brasileira como um documento resultante de um processo de planejamento participativo e com status de plano nacional de desenvolvimento sustentável, significando um importante documento de subsídio potencial à formulação de políticas focadas no desenvolvimento duradouro, pois incorpora princípios, compromissos e objetivos estabelecidos na Agenda 21 Global, traduzindo-os para o contexto do Brasil.
É importante destacar que a Agenda 21 brasileira explicita as grandes questões a serem enfrentadas e pactuadas entre governo e sociedade para atingir a sustentabilidade ambiental, econômica, social e institucional, apresentando diagnósticos e proposições. A ausência da proposição nesse documento de indicadores que componham um sistema de monitoramento e avaliação merece destaque para reflexão.

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Artigo completo aqui


Fonte: MALHEIROS, Tadeu Fabricio; PHLIPPI JR., Arlindo  and  COUTINHO, Sonia Maria Viggiani. Agenda 21 nacional e indicadores de desenvolvimento sustentável: contexto brasileiro . Saude soc. [online]. 2008, vol.17, n.1, pp. 7-20. ISSN 0104-1290.